SABORES E PRÁTICAS CULINÁRIAS DAS COZINHEIRAS NEGRAS DO SERIDÓ (RN – BRASIL)
SAVOIRS ET PRATIQUES CULINAIRES DES CUISINIÈRES NOIRES DU
SERIDÓ (RN – BRASIL)
Julie Antoinette
Cavignac
Profa. Titular do Departamento de Antropologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
Danycelle Silva
Doutoranda
em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
RESUMO
A
região do Seridó é marcada por seu passado colonial, em particular pelos ciclos
econômicos do gado e do algodão. A memória da escravidão ficou silenciada aos
longos dos anos e só recentemente ressurge, lançando novas luzes sobre um
passado de sombras e silêncios. A retomada das memórias e a emergência étnica
apoiam-se nos sabores e nas práticas culinárias tradicionais que substituem os
silêncios e possibilitam recontar uma outra história. Através de pesquisas
realizadas junto a atividades do Projeto de Pesquisa e Extensão Tronco, Ramos e
Raízes, coletamos dados etnográficos em diversas localidades do Seridó,
seguindo os rastros das memórias das cozinheiras negras. Nas cozinhas do Seridó,
emerge um patrimônio cultural de matriz africana que estava invisibilizado mas,
no entanto, presentes no cotidiano: conforme apontamos ao longo do artigo, as
comidas “do tempo do cativeiro” ainda são a base da alimentação cotidiana na
atualidade e são pouco a pouco revalorizadas. Práticas e técnicas alimentares transmitidas
pelas mulheres no seio das famílias negras ao longo das gerações: essas comidas
de raízes ultrapassam hoje o âmbito doméstico e entra para o gosto público,
como patrimônio.
Palavras-chave:
Saberes. Alimentação. Patrimônio Cultural. Memórias.
RÉSUMÉ:
La région du
Seridó est marquée par son passé colonial, en particulier par les cycles
économiques du bétail et du coton. La mémoire de l’esclavage est resté sous
silence tout au long des années et est récemment ressurgie, éclairant un passé
fait d’ombres et de silences. La réappropriation des mémoires et l’émergence
ethnique s’appuie sur les saveurs et les pratiques culinaires traditionnelles
qui substituent les silences et permettre de raconter une autre histoire. Grâce
aux recherches réalisées dans le cadre du projet de recherche Tronco, Ramos e Raízes, nous avons
recueilli des données ethnographiques dans diverses localités du Seridó,
suivant les traces des mémoires des cuisinières. Dans les cuisines du Seridó,
on voit donc apparaitre un patrimoine culturel de matrice africaine qui était
invisibilisé mais présent au quotidien: d’après ce que nous avons montré tout
au long de l’article, les aliments “du temps de l’esclavage” sont encore la
base de l’alimentation quotidienne aujourd’hui et sontpeu à peu revalorisées.
Pratiques et techniques alimentaires qui
sont transmisent par les femmes dans les familles noires tout au long des
différentes génération; cette
“nourriture de racine” déborde maintenant de l’espace domestique et entre dans
le goût public, comme patrimoine.
Mots-clé:
Savoirs. Alimentation. Patrimoine culturel. Mémoires
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